quarta-feira, 25 de outubro de 2017

Geraldão da Fiel.


Dos heróis da conquista de 1977, talvez, o camisa 9, tenha sido o mais ovacionado pela torcida e, o mais vaiado também.
Apesar do sotaque da Moóca, a figura veio mesmo de Ribeirão Preto.
Ovacionado porquê dava muita raça e fazia gols lindos, vaiado porquê tinha a rara capacidade de perder sempre um gol debaixo do travessão.
Quando eu era guri, em toda brincadeira de bola, quando alguém isolava a bola, não era chamado de peréba, podre ou ruim de bola...todos os outros meninos o chamavam de GERALDÃO.
O estranho é que o centro avante do Corinthians nunca se manifestou contrário a isso, havia uma relação estranha entre ele e a Fiel, coisa de amor e ódio, tudo na mesma medida.
Não era um atleta de fino trato com a bola, a ânsia de fazer gols lindos fazia com que ele, na hora H, batesse rápido, de cinco, ele acertava três, os acertados viravam golaços, as bolas que ele errava, iam para a arquibancada.
Na semana anterior, ele havia isolado várias bolas, saiu de campo debaixo de grossas vaias, deu a impressão de que a Fiel havia se cansado do camisa 9.
Morumbi lotado, meio a meio, do outro lado estava o rival suíno, a torcida estranhou que o Geraldão não estava entre os titulares, todo mundo sabia que ele era peça importante no esquema do Brandão...Beleza, talvez o técnico também estivesse com raiva do camisa 9 do Corinthians.
Vai o jogo feroz, no primeiro tempo o time da Lapa joga melhor e o de Parque São Jorge não parece mostrar reação, só se defende, quanto mais se defende, mais o adversário se afoita, parece que a derrota seria uma coisa bem possível.
Quando terminou o primeiro tempo, o camisa 9 seguiu com os reservas para o vestiário, quieta todo o primeiro tempo, a Fiel, que na semana anterior o havia vaiado, começou a gritar numa só voz:
Geraldão, Geraldão...
Isso foi, durante os 15 minutos do intervalo e surtiu efeito, o ídolo voltou entre os titulares.
Ah, que linda vitória, dois gols dele...é claro que ele isolou umas também, nada que estremecesse o amor da Fiel, afinal, era o Geraldão, se não errasse feio, não seria ele.

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