quarta-feira, 25 de outubro de 2017

Os milagres de uma torcida


Um dia, seculos além, hão de debruçar nessa questão, cientistas do futuro tentarão entender o que move a fé do corintiano.
Usei a palavra fé e, corro o risco de descrever errado esse sentimento, o religioso, quando encontra uma dificuldade, passa a questionar a própria fé, o corintiano chora, e sofre, sem jamais pensar no fato de deixar de ser corintiano, o Corinthians está no seu DNA.
Bom, depois de um certo tempo, como acontece com milhares de pessoas, peguei o habito de acompanhar o time de Parque São Jorge...Na adolescência fiz amizade com uns caras da FEBEM, esses cara tinham entrada livre nos estádios, então eu chegava um tempo antes e, quando chegava o ônibus amarelo, eu me enfiava na fila com eles.
Vai uma ressalva, mesmo tendo entrada livre em todos os jogos do campeonato paulista, os internos da FEBEM só iam aos jogos do Timão, quase a totalidade da instituição era composta de corintianos.
Mas, passou o tempo e eu virei adulto, trabalhava feito condenado para me manter, ficou difícil acompanhar o Timão e, como nunca fui torcedor de radinho, bolei um plano fenomenal, como conhecia as manhas dos estádios, arrumei um bico na Ancar, aquela empresa que cuidava de servir os refrigerantes, cervejas e lanches dentro dos estádios, assim, eu torcia e, de quebra, levantava um din din.
Falando assim, parece bem agradável, mas para manter a titularidade no cargo, eu tinha que acompanhar todos os jogos do Morumbi e Pacaembu, nem sempre era jogo do Corinthians, isso me fez constatar que não existe torcida feito a do Timão, em compensação, em jogos do time do povo, o cara do cachorro quente pulava junto com a torcida, as vezes eu não fazia nem pro sal, mas saia sorrindo pela vitória do meu time.
Cheguei cedo naquela tarde, no domingo anterior, o time do Guarani havia aplicado uma goleada de 4x0, para que o Timão continuasse vivo na competição, teria que devolver o mesmo placar, simples assim.
O elenco de Campinas era o melhor do país, era impossível ganhar de um a zero, quanto mais golear, pensei comigo:
_Vou me sentar e assistir o jogo tranquilo.
Uma hora da tarde e começam aparecer uns poucos gatos pingados, de pouco em pouco, às duas horas está tudo lotado, como se fosse um jogo amistoso, a fé desse povo contraria qualquer estatística.
Durante o jogo, eu vi um time cuja a estrela maior era um baixinho chamado Biro-Biro crescer e virar um gigante, a torcida irradiava com as mãos as energias, seu canto contaminava e os homens em campo acreditaram que eram bem maiores que eram, ante aquela magia o poderoso Guarani ficou de joelhos.
Uma tarde inesquecível e, eu aprendi que a fé é só uma palavra, o que move o corintiano é algo bem maior.
Placar do jogo???Corinthians 4x0 Guarani...sem choro nem vela.

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